A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR NORTE) defende a necessidade de reforçar a autonomia estratégica da União Europeia face aos desafios globais. Esta foi a mensagem-chave transmitida pelo presidente António Cunha na conferência inaugural das XIX Jornadas Internacionais sobre “Grandes Problemáticas do Espaço Europeu”, que decorrem na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, até 21 de junho.
“A União Europeia é um dos projetos mais bem-sucedidos dos últimos 70 anos. É um projeto político de referência que tem como principal objetivo a construção da paz e da prosperidade. Contudo, o mundo vai ficar mais verde, mais digital, mais complexo e o maior desafio será reforçar a política de coesão territorial”, sublinhou.
Sob o tema “A hora da Europa ou os desafios de uma encruzilhada”, António Cunha destacou que o mundo atravessa uma profunda transformação, marcada por uma revolução científica e tecnológica bem patente em áreas como a Inteligência Artificial, a biotecnologia ou a tecnologia quântica. “Estas mudanças estão a alterar significativamente os modelos económicos e a relação entre humanos e máquinas, com fortes repercussões na governação e na economia global”, acrescentou.
Neste contexto, o presidente da CCDR NORTE alertou para a urgência de a União Europeia reforçar a sua soberania em domínios estratégicos como a energia, o agroalimentar, a produção industrial (nomeadamente em setores como o automóvel, o têxtil ou os semicondutores) e a defesa.
O cenário geopolítico, agravado pelos conflitos bélicos na Europa e no Médio Oriente, a transição energética e digital, o recuo da globalização e o ressurgimento de políticas protecionistas exigem uma maior autonomia, resiliência e coesão da União Europeia. “A política regional europeia tem vindo a combater as assimetrias no desenvolvimento dos seus Estados-Membros, mas, numa análise comparativa com os Estados Unidos da América e a China, a União Europeia só marca a dianteira em indicadores como cuidados de saúde e combate à poluição.”
Com base em cinco relatórios prospetivos, António Cunha apontou áreas-chave para uma estratégia futura: a reforma do modelo de crescimento europeu, com o fortalecimento do mercado de capitais; a criação de um verdadeiro mercado único, com menor carga regulatória e burocrática; o investimento em tecnologia e investigação para alavancar a competitividade; a segurança e a capacitação das populações para lidar com ameaças como ciberataques ou falhas energéticas. “Devemos ter uma política de coesão abrangente e assente numa governação multinível”, frisou.
Do global ao local, o presidente da CCDR NORTE destacou o desempenho obtido, desde 2013, pela região Norte, onde se verificou uma terciarização progressiva e o aumento das qualificações da população. “O Programa Regional de Ordenamento do Território do NORTE (PRONORTE) integrou novas prioridades como a água, a energia, a neutralidade carbónica e a demografia, porque o que acontece nos territórios tem de ser gerido por quem os conhece”, concluiu.
O programa das Jornadas inclui ainda a apresentação do Plano de Monitorização do Alto Douro Vinhateiro – Evolução da Paisagem do Vale do Rio Corgo, que decorrerá a 20 de junho, pelas 10h, no anfiteatro nobre da FLUP.
Promovidas pelas Universidades do Porto e de Santiago de Compostela, as Jornadas Internacionais sobre “Grandes Problemáticas do Espaço Europeu” acontecem desde 2006 com o objetivo de promover análises estratégicas e de criar sinergias tendentes a uma coesão e revitalização territorial, numa ótica multidisciplinar, criativa e inclusiva.
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